O neopentecostalismo e a farsa evangélica
João A. de Souza
Filho
Setembro de 2016
A água ungida (adquirida na torneira), o santo óleo de Israel - comprado no mercado da esquina - a vassoura ungida, a caneta da prosperidade e o sabão ungido são algumas das muitas mentiras dos neopentecostais!
Este artigo é longo,
mas precisa ser lido como forma de reflexão da vida da igreja. A dinâmica da
vida e a influência das redes sociais tiraram das pessoas a capacidade de
refletir e de ler textos longos. O Twitter nos impôs frases com 140 caracteres.
O Facebook lhe permite ler umas poucas frases e até as pregações dos pastores
se resumem hoje a mero vinte minutos de exposição bíblica – quando as há.
Ao começar este artigo
preciso afirmar uma coisa: Sou pentecostal de raiz. Comecei a frequentar a
escola dominical com meus irmãos, ainda pequenino, assim que mamãe se converteu
ao evangelho puro de Jesus Cristo. Corria o ano de 1952. A Assembleia de Deus
era uma igreja pura em sua doutrina. Doze anos depois eu ingressava no
Instituto Bíblico das Assembleias de Deus em Pindamonhangaba aprendendo aos pés
de João Kolenda Lemos, Tio João Pedro Kolenda, João de Oliveira, missionária
Dorris Lemos e Elsie Stroll além das visitas periódicas de Orlando Boyer de
quem obtive meus primeiros livros que ele editava com tanto ardor.
Desde então nunca parei
de pregar e de anunciar o Evangelho. E lá se vão mais de 52 anos de vida
ministerial! Ao longo dessas cinco décadas a denominação pentecostal, uma das
mais antigas – porque a Congregação Cristã chegou um pouco antes ao Brasil –
mudou. Parece um paradoxo: Tornou-se mais culta teologicamente através de seus
seminários e dos excelentes livros editados pela CPAD, financeiramente mais
rica, intelectualizada e mais neopentecostal. Esta última qualificação, a do
neopentecostalismo é paradoxal, contraditória e difícil de ser analisada: Como
uma igreja conseguiu se desviar tanto da ortodoxia cristã!
Não se tem notícias de
que a Congregação Cristã do Brasil tenha se desviado de rota – afinal, não
convivo entre aqueles irmãos e nem sou aceito como irmão em Cristo da parte
deles – mas, a Assembléia de Deus se desviou da rota doutrinária. A literatura
oficial da CPAD diz uma coisa; a prática nas igrejas da mesma denominação é
outra.
O neopentecostalismo
cresceu na seara pentecostal como joio no meio do trigo. E a cada dia o joio é
mais vistoso e mais evidente abafando o trigo da fé.
No ano de 2008 escrevi que somente a partir do
novo milênio seria possível perceber a infiltração de elementos na igreja
deixando-a mais universalizada e neopentecostalizada. Houve uma mudança de rota
e de estilo de vida, conforme o leitor verá a seguir:
1.
No campo doutrinário. Uma descaracterização da ortodoxia,
isto é, um relaxamento ou pulverização das regras de fé, antes defendidas a
“unhas e dentes”. Aspectos doutrinários, ou de ensinos ficaram pulverizados com
a pluralidade doutrinária, pluralidade de pensamento e com a secularização da
teologia. Denominações pentecostais históricas como as Assembléias de Deus
tornaram-se pluralistas sob vários aspectos. Algumas aceitam o divórcio, outras
o repugnam – para citar um exemplo. Algumas têm grupos de danças em sua
liturgia, outras cultuam a Deus como faziam 80 anos atrás. Até mesmo na
teologia existem diferenças. Hoje existem igrejas pentecostais sem quaisquer
manifestações que a caracterizavam como pentecostal.
Liturgia.
Uma
pulverização da liturgia. A igreja ao longo dos séculos sempre introduziu novos
elementos em sua liturgia, nestes últimos anos, porém, a igreja submeteu sua
ortodoxia litúrgica a novas influências, algumas igrejas até desprezando a
hinódia tradicional e centenária que regia os cultos e a vida da igreja. Se por
um lado os novos elementos litúrgicos, como bandas, 40 ou 50 minutos de
cânticos, danças e teatros reativaram os cultos, por outro, certas
características foram lentamente desaparecendo, como a importância da pregação,
reverência e ordem nos cultos.
Danças.
Esta pulverização – até certo ponto com perda de identidade – trouxe para os
púlpitos e palanques a entrada de grupos de danças, ou adoração artística.
Algumas igrejas vêem nisto uma necessidade; outras utilizam grupos de danças
apenas em festas ou celebrações especiais. A maioria faz das danças uma rotina
igualando-as aos cânticos e orações. Alguns vêem perigos neste novo elemento
que poderá descaracterizar o culto a Deus, tornando-se um culto a algum “deus”.
Instrumentos
musicais. O uso de apenas um trio de instrumentos – bateria,
guitarra e baixo – o desprezo ou alienação dos pianistas e organistas em troca
de tecladistas que apenas tocam cifras, e não melodias trouxe para os cultos
uma liturgia limitada a estes instrumentos – sem o toque litúrgico tão comum ao
som do órgão e do piano, de instrumentos de sopro e outros de cordas, como o
violino e seus semelhantes. Agregue-se a isto a infiltração de músicas e letras
repetitivas, sem rimas, métrica e poesia. Além dos mantras que levam as pessoas
a alucinações mentais, confundidas com experiências espirituais. Etc.
Mensagens
de auto-ajuda. A falta da pregação expositiva bíblica
em troca de mensagens apenas tópicas; o desaparecimento das pregações
doutrinárias em troca de mensagens positivistas e de auto-ajuda e a falta de
conhecimento bíblico vêm dominando até mesmo o púlpito das igrejas históricas.
Questionam alguns se o verdadeiro cristão precisa de mensagem de auto ajuda; se
precisa ser embalado em sua psique, em sua alma, ao som de novos acordes. A
mensagem de auto-ajuda ofuscou a mensagem da cruz. Certas pregações em cultos
de algumas Assembleias de Deus não passam de palestras motivacionais que não
trazem convicção de pecado, arrependimento e conversões, mas um senso de
felicidade, paz e consolação emocional.
O avivamento das
décadas de 60-70 entre Batistas, Presbiterianos, Congregacionais, Luteranos e
Anglicanos trouxe o povo de volta à palavra de Deus, como todos os avivamentos
bíblicos da história o fizeram, no entanto, as denominações se insurgiram
contra o mover do Espírito Santo nesses mesmos grupos e abriram terreno para o
surgimento das comunidades cristãs e grupos similares. O atual movimento – que
não é avivamento – não está levando o povo de volta à palavra, mas ao
sensacionalismo, à busca de prazer, à prosperidade e a individualização da
fé. São coisas que devem causar
preocupação, pois que afetará as próximas gerações.
A liturgia também foi
afetada pela influência dos pregadores televisivos que deixaram o povo exigente
quanto a pregações, levando-o a desprezar as mensagens expositivas, difíceis de
serem pregadas na televisão pela limitação do tempo, mas tão necessárias para o
entendimento da palavra de Deus.
Conseqüentemente
ouvem-se sons de uma exacerbação da mística e da fé que passaram a ter
preeminência sobre a Palavra de Deus. A busca pela renovação espiritual sem o
prumo da palavra de Deus vem levando os crentes a desprezar o ensino da cruz e
do sofrimento na vida cristã. Cruz e sofrimento ficaram no passado da igreja, a
nova “onda” espiritual é a de amar a prosperidade e o sucesso. Até mesmo
pregadores antigos tidos como profetas de Deus aderiram a esta nova mensagem, e
ficam horas inteiras levantando dinheiro e tirando ofertas do povo com a
mensagem da prosperidade, em que somente prospera o pregador... a ganância de
Balaão não tem limites. Os gananciosos são pastores e líderes que convidam
pregadores “sapatinhos de fogo”, artistas e jogadores famosos, pois que os
pastores também estão afetados pelo espírito de Balaão e querem lucrar com este
tipo de ministério...
O
Esoterismo evangélico. A falta da palavra de Deus como
mensagem expositiva vem levando sutilmente os crentes a viverem um privatismo,
o pluralismo e o secularismo como normas da vida cristã. Três temas mui bem
dissecados por Os Guines na década
dos anos de 1980. O privatismo leva o cristão a viver em torno de si mesmo; o
pluralismo leva-o a aceitar elementos de filosofia e a idéia de aceitação de
tudo e de todos na igreja; e o secularismo invadiu a teologia com a filosofia e
com os conceitos da psicologia moderna na educação e no ensino das crianças e
dos adultos.
A ausência da palavra
de Deus vem formando uma igreja com comportamento e práticas esotéricas que dá
poderes a elementos místicos, em nada se diferenciando do mundo e das religiões
místicas ao seu redor. O esoterismo evangélico concede poderes aos óleos
“consagrados”, a água e ao sal, ao sabão, fronhas, lençóis e, a criatividade
para se ganhar dinheiro não tem parâmetros na história da igreja cristã. A
mensagem subliminar é que o poder de Deus se limita a objetos e a práticas do
Antigo Testamento.
A falta de uma exegese
bíblica verdadeira permitiu o surgimento de uma igreja com práticas
judaizantes, celebração de festas judaicas, a observação de dias e datas
especiais dos judeus, roupas, a bandeira de Israel hasteada nos púlpitos,
confundindo o natural com o espiritual, e peregrinações a lugares históricos,
considerados “santos” em que tais práticas e guardas de datas passaram a ser a
essência da fé, o propósito da igreja, acima da própria palavra de Deus.
Escrevo sobre isto num capítulo de meu livro A Arte da Guerra Espiritual: Guerra espiritual esotérica.
Ênfases
em modelos e não na vida.
A ênfase em modelos de
crescimento fatiou a denominação. Igrejas existem que optaram por seguir o
modelo do G-12, outros do M-12, ainda outros do MDA num desespero frenético para
conter a estagnação espiritual. Ora, quando se deixa de lado a ação do Espírito
Santo, a pregação pura e simples da Palavra de Deus e a prática dos dons espirituais
é preciso sair à cata de soluções para manter a igreja crescendo, o dinheiro
entrando e o nome. Ah! O nome! Sempre em maior evidência do que o nome do
fundador, nosso Senhor Jesus Cristo!
Quando uma igreja se
move na ação do Espírito Santo qualquer método de crescimento funciona, porque
apenas canaliza o que o Espírito vem realizando; mas, quando se perde a nuvem
que vai adiante do povo, a congregação do Senhor fica peregrinando sem rumo no
deserto.
Hoje, muitas
denominações se perguntam como Isaías: “Ó Senhor, por que nos fazes desviar dos
teus caminhos? Volta por amor dos teus servos...” (Is 63.17). E o próprio
profeta responde: “Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu Espírito Santo,
pelo que se tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles” (Is 63.10). Deixe-me
dizer uma coisa que é muito evidente a todos: O povo está seguindo seu próprio
caminho. Os líderes se desviaram e com eles as igrejas que dirigem!
O surgimento de
denominações não ortodoxas na doutrina, a que chamamos de neopentecostalismo,
dispensa o uso do texto do Novo Testamento, preferindo pregações baseadas em
elementos do AT – desprezando o ensinamento apostólico ou o didaskalós das
epístolas. O surgimento e o rápido crescimento de denominações neopentecostais-esotéricas,
não ortodoxas na doutrina, aliados ao poder de comunicação pela mídia trouxe
alguns resultados que poderão ao longo dos anos serem maléficos. A seguir,
convido o leitor a analisar comigo alguns desses possíveis malefícios:
1.
O primeiro deles é o espírito de competição. Grupos outrora
ortodoxos passaram a cultuar e a ter reuniões semelhantes aos grupos
neopentecostais, para angariar novos membros. Especialmente as reuniões de
libertação, uma marca registrada dos pentecostais clássicos; agora, esses
irmãos assimilaram e imitam de maneira grotesca os neopentecostais visando
obter maior freqüência, assiduidade dos fieis e mais dinheiro. As antigas
reuniões de oração e libertação que serviram de elementos-chave no crescimento
da igreja, cederam ante o espírito de competição a esses grupos. As reuniões de
libertação em que a ênfase era a oração, a pregação e a novidade de vida
cederam lugar ao ensino da prosperidade, da mensagem que leva o pecador a se
sentir bem, amado por Deus, podendo viver a fé de forma bem pessoal, sem
pressão nem compromisso.
2.
Afrouxamento da disciplina e da doutrina. O segundo
resultado maléfico é o afrouxamento do ensino, da sã doutrina apostólica, que
deve ser interpretado como ensinamento, estilo de vida, ou o didaskalós, que os
apóstolos tanto enfatizavam. Uma vida de ordem na família e na sociedade; um
ensinamento sobre o relacionamento do cristão com o mundo ao seu redor. Ética.
Caráter. Estilo de vida santo. Surgiu, consequentemente, uma nova safra de
cristãos que sequer pode ser comparada aos cristãos da geração passada. A
geração de cristãos honestos, comprometidos com a fé, de bons empregados e bons
patrões; de famílias ordeiras e de lares disciplinados vem sistematicamente
desaparecendo. Em seu lugar surgiu uma geração que vem transmitindo uma péssima
imagem do que é ser cristão, de Deus, de Jesus e da Bíblia. Surgiu, em
decorrência uma geração de cristãos desacreditada perante a sociedade e
autoridades.
Hoje, se uma igreja
ousar disciplinar um membro irá parar nas barras da justiça e o membro ofensor
encontrará do outro lado da rua um pastor lhe acenando por cargos.
3.
Enriquecimento denominacional. O terceiro resultado
nada agradável é o que prega a necessidade de enriquecimento denominacional, o
enriquecimento entre os membros e a conseqüente construção de templos e prédios
grandiosos, frutos de um ensinamento megalomaníaco.
Paralelamente surgiu uma nova classe de
evangélicos descomprometidos com a igreja local, afiliados a toda sorte de
organizações para-eclesiásticas. Surgiu a vulgarização do evangélico. A igreja
parou de ser renovada na essência da vida cristã, entrou num ciclo de
romantismo espiritual, de experiências místicas que em nada alterou o estilo de
vida dos crentes. Estes passam a falar em línguas, a caírem no chão, a entoarem
louvores, mas sem mudança interior de vida. Questão de caso de estudo para os
teólogos. A igreja está passando por uma metamorfose negativa, isto é, em que a
verdade deu lugar ao sofisma; em que o estilo de vida de caráter não se faz mais
necessário como regra e conduta de fé. Desapareceram os cultos de disciplina,
conseqüência normal de uma igreja fraca.
4.
O surgimento de cristãos de fé plural. Este novo estilo
trazido pelos neopentecostais e aceito de braços abertos pelos pentecostais
clássicos fez surgir na sociedade uma nova classe de pessoas e de cristãos que,
além da falta de compromisso com a igreja na localidade trouxe a idéia de que a
igreja é mais uma opção entre as tantas existentes na sociedade quando se quer
solução a algum problema da vida. Durante a semana o novo cristão recorre aos
cultos das igrejas, tanto quanto busca na mesma semana um centro espírita, uma
sessão de umbanda; uma missa católica, a sessão descarrego da Universal ou uma
visita a alguma seita oriental.
O resultado é que,
somados e multiplicados os malefícios, estes acabarão por formar nos próximos
anos uma igreja fraca, sem conteúdo teológico, apesar da multidão de fiéis,
insípida e sem a graça divina. Se realmente fossemos tantos assim, o Brasil
seria diferente. Talvez sejamos muitos, mas sem sal e sem sabor.
5.
A contra-reação dos membros das igrejas.
O neopentecostalismo provocou uma reação contrária em
outros segmentos da igreja. Os que buscam em Jesus a essência da fé; os que
querem viver o eterno propósito de Deus; os que se envergonham diante de Deus e
dos homens da atual situação espiritual da igreja, passaram a abominar tudo o
que soa a evangélico, ao que é cristão, formando grupos em busca do fundamentalismo
apostólico. São pessoas que não querem se identificar com nenhum grupo
evangélico, e dizem não ser evangélicos; desprezam qualquer tipo de liturgia,
reúnem-se em qualquer lugar e se fecham em torno de si mesmos e de sua
doutrina. São exclusivistas em suas cidades; não participam de eventos ou de
celebrações, e receiam e temem tudo o que vem da parte da atual igreja, a que
eles chamam de grande Babilônia.
E provocou também uma
reação negativa nas pessoas que não são evangélicas. O que ouvem pela mídia e
em conversas de vizinhos os remete para longe da fé. Vejo isso com clareza em
meus vizinhos com os quais mantenho sadia amizade no bairro onde resido. Todos me
conhecem como pastor João. Caminhamos e praticamos esportes juntos e vejo a
reação deles quando falam desses grupos neopentecostais.
O lado positivo dos grupos
reacionários que querem distância dos grandes conglomerados denominacionais e
de denominações neopentecostais é que podem ter dado início à formação de um
remanescente fiel a Deus – com ou sem intenção de sê-lo; da extirpação da
mentalidade cultural da adoração em templos e grandes auditórios, da vida
cristã simples e sem religiosidade exterior, reunindo-se em casas, garagens e
praças. A ausência de elementos exteriores – vestimentas, linguagem evangeliquês,
clichês próprios de crentes – aliado ao profundo estudo das Escrituras, à vida
de retidão, de santidade e de evangelização podem contribuir para o equilíbrio
da balança espiritual da igreja. O lado negativo é que tais grupos tendem a não
influenciar politicamente um bairro ou a cidade por achar que o “mundo jaz no
maligno”, desprezando qualquer compromisso visível com as necessidades da
sociedade, por não marcarem sua presença com um local de culto visível, através
de templo ou de salão de reuniões no bairro. Isto é, por não terem um local
próprio ou alugado para suas reuniões a multidão desses novos crentes, ou
discípulos não é conhecida da sociedade.
Deve-se admitir que a
presença de um espaço físico reservado para a celebração de cultos e de
encontros exerce também grande influência sobre as autoridades e população de
uma região.
Conclusão
a esta parte:
A igreja brasileira
perdeu seu rumo, está sem Norte, sem direção, por haver desprezado a bússola,
que é a palavra de Deus, comprometendo-se com os sistemas políticos, culturais
e imorais da nação. As grandes lideranças denominacionais vivem cevando seus
títulos honoríficos, participando de esquemas políticos que fariam Paulo, o
apóstolo corar de vergonha; outrora chamados por Deus para fazerem a diferença
em sua geração, deixaram de participar das reuniões na sala do trono de Deus, quando
ouviam do Eterno as diretrizes para a igreja, e passaram a participar de
conchavos políticos, carregando consigo, ao lado da Bíblia, o Príncipe de Maquiavel. E, sem perceber
seguem os conselhos de Maquiavel, imaginando que o Príncipe tem razão, nas questões
políticas. Assim, usam os conselhos de Maquiavel na política e os conselhos da
Bíblia na igreja. Coxeiam entre dois pensamentos, e, sem se aperceberem
deixaram de freqüentar a sala do Trono do Altíssimo, nosso Senhor e Rei, para
se assentarem com aquele que faz oposição a Deus.
Cristãos ou pastores
políticos que assim se comportam não se posicionam abertamente em questões como
aborto, divórcios, homossexualismo, injustiças sociais etc. por temerem o povo
e seus pares. Em Brasília ou nas Assembléias Legislativas de seus Estados, da
mesma maneira que faziam na administração de suas igrejas, pensam em si mesmos
e no futuro financeiro de suas famílias.
Neopentecostais:
Igreja ou fraude?
Existem dois tipos de
igrejas neopentecostais – igrejas pentecostais novas, este é o sentido aqui. O
primeiro grupo abrange grupos que saíram das igrejas históricas nas décadas de
60-70. Fazem parte deste grupo igrejas tradicionais que se pentecostalizaram, e
são, em essência compostos de novos pentecostais como os novos Batistas,
algumas raríssimas Comunidades Cristãs – porque a maioria das que se chamam
Comunidades não passam de pequenas igrejas neopentecostais na doutrina e na
prática. No entanto, o termo neopentecostal foi mudando de sentido e sendo
compreendido apenas a certos grupos heréticos-esotéricos-endinheirados,
todavia, todas as novas igrejas pentecostais, de alguma forma podem ser
consideradas neopentecostais, ainda que não tenham a mesma índole massificadora
dos que formam o segundo grupo: Universal, Poder de Deus, Show da Fé, Plenitude
do P$oder de Deus etc.
As práticas desses novos movimentos, sua
liderança e seu sistema de governo indicam um neopentecostalismo doentio que
não se encaixam na sã doutrina apostólica.
Sete
características de lideranças neopentecostais:
A seguir colhi sete
características dessa liderança atual – que não é apenas da liderança
neopentecostal, mas também de muitos líderes de igrejas pentecostais
históricas.
1.
Autoritarismo. Tais líderes advogam a si o direito de
ter a palavra final em questões doutrinárias e de práticas cristãs. Creem que
podem criar novos padrões de ensinamento e neles atrelar a congregação. Era
assim também no passado quando pastores de denominações pentecostais decidiam o
que o povo devia usar, o que pensar e em como viver. Felizmente algumas
denominações amadureceram e abandonaram tais práticas que vêm sendo adotadas
com grande ardor pelos novos líderes pentecostais. As pessoas são orientadas a
viverem conforme o pensamento do líder e de maneira a agradá-lo. A “doutrina”
ou ensinamento apostólico foi por eles aperfeiçoado, porque tirou do povo o
direito à vida e de decidir o que fazer e de como viver.
2.
Dominadores do rebanho. Hoje os apóstolos, bispos,
presbíteros e pastores – não importa o título que ostentem – decidem se os
membros devem celebrar o Natal, os alimentos que devem comer, as festas que
podem participar, os DVDs que devem assistir e quais igrejas ou congregações podem
visitar.
Tal autoritarismo não é
próprio apenas de igrejas neopentecostais, mas também de alguns que se dizem
“igreja” sem nome; comunidades cristãs etc. que mantêm sob regras rígidas o
comportamento e o estilo de vida de seus membros, ou discípulos. É possível ver
este autoritarismo em várias denominações também. Nunca ouse pensar ou agir de
maneira que contrarie seu líder! O líder é o novo paradigma ou modelo de fé a
ser seguido, e não os modelos da Bíblia.
3.
Ganância financeira e luxúria. A ostentação de
riqueza, o ganho fácil e a confortável vida movida a aviões particular,
helicópteros e festas não é própria apenas dos neopentecostais, mas também de
outros segmentos da igreja – uma dessas igrejas, até bem tradicional, em que
seu líder se locomove para a casa da montanha de helicóptero, enquanto exige
que seus membros nem televisão possuam!
Enquanto milhares de
obreiros residem em casas modestas no meio de sua comunidade, ao nível do povo
que pastoreiam, vivendo na simplicidade, buscando o mínimo de conforto, outros
se afastam do meio do rebanho e passam a viver em condomínios inacessíveis ao
povo. Sua congregação não tem acesso a casa deles – diferentemente de quando
nossa casa estava aberta aos irmãos. Essa é a nova cara da liderança
eclesiástica da igreja brasileira.
4.
Usam o púlpito como arma de ataque. Por trás do carisma
que lhes é peculiar tais ministros fazem o que querem com o povo; se
justificam, demonstram humildade e santidade e aproveitam para atacar
sutilmente os que lhe desobedecem as ordens. Frases como “aconteceu tal coisa
porque não ouviu o homem de Deus” é comum ouvir de seus lábios. É a
justificação de uma aparente santidade. As pessoas precisam vê-los como homens
de Deus, líderes espirituais íntegros; no púlpito diante de seu povo riem,
choram, profetizam, pulam, gesticulam e pregam mensagens de prosperidade.
Assim, conseguem encobrir do rebanho suas verdadeiras intenções, para que este
não se interesse em saber como é a vida deles no seu dia a dia.
E grande parte dos
crentes defende o estilo de vida de seus líderes, e se dobra perante eles como
faziam os escravos diante de seus senhores.
5.
A sacerdotização do ministério. Alguns desses novos
líderes criaram a nova casta de “levitas” que são os que cuidam do louvor da
igreja, mas criaram também a “família sacerdotal” que é composta do líder e de
seus familiares, num atentado grotesco ao verdadeiro sacerdócio de Jesus
Cristo. Muitos, ainda que reneguem publicamente tal conceito, ostentam-no no
ensino aos seus líderes, isto é, estes são orientados a considerá-los
sacerdotes de Cristo a serviço do povo. “Nós somos sacerdotes” de Deus para
cuidar do rebanho, dizem, quando biblicamente toda a igreja é povo sacerdotal!
6.
Visão terreal do reino de Deus – seu reino particular. A
nova liderança dos neopentecostais tem outro foco que não é o reino de Deus
futuro, mas o reino deles, agora. Eles têm prazer nas coisas do mundo. Seu
império particular e o império de sua denominação ou de suas comunidades
constituem o reino deles na terra. Enquanto todos os demais trabalham para a
vinda do reino, esses novos líderes creem que estão no reino, e que já são
príncipes de Cristo aqui na terra. E para viver como príncipes, formam seu
séquito de seguidores que os servem humildemente. Enquanto Jesus apontava para
a chegada iminente do reino de Deus, a nova liderança da igreja crê que vive o
reino, aqui e agora!
Por isso intrometem-se
na política, pensando que por ela governarão na terra e trarão o governo de
Cristo aos homens. E, da mesma forma que entram na política e buscam para si
títulos políticos, se prostituem com o sistema e podem ser vistos agradecendo a
Deus pelas graças recebidas, como no caso dos deputados evangélicos
neopentecostais do Distrito Federal. Estes são a pontinha do iceberg, porque
existem milhares de pastores vendidos ao mundo e que recebem polpudas somas de
dinheiro para transformar sua congregação em curral eleitoral.
7.
Acreditam que o juízo dos crentes não é para eles;
porque estão acima dos demais. Por isso, perderam o temor de Deus e nem
imaginam o que lhes espera no dia do juízo de Cristo, quando todos haveremos de
prestar contas. Quando se perde o temor de Deus leva-se uma vida desenfreada de
pecado, escondida sob o manto da espiritualidade e da vida piedosa.
Criticam a Balaão, mas vivem como ele, profetizando
em nome de Deus, mas de olho nos bens de Balaque – porque são insaciáveis
financeiramente. São estes os novos líderes que à semelhança de Coré, Datã e
Abirão defendem seu sacerdócio e proclamam que também “têm direitos
espirituais”, como nos dias de Moisés. À semelhança de Caim pecam voluntaria e
conscientemente, esquecendo que já receberam na testa o sinal de Deus que os
manterá sob juízo e condenação.
À luz dessas sete
características é possível identificar o tipo de igreja que se frequenta, o tipo
de líder que se obedece e decidir se deve seguir o caminho do discipulado
cristão ou se fará parte do novo reino dos deuses da terra.
Deus tenha piedade de
nós!
Olha amigo... Largue tudo que não é do Evangelho, começando pela sua instituição, e então você começará a viver o Evangelho.
ResponderExcluirVocê fala das mentiras, e está mergulhado nelas...
Meu amigo pastor João: assino embaixo de cada palavra sua escrita acima! Tudo verdade! Discordar de seu texto acima é ignorância e má-fé. A rigor, os apologistas - tais quais você e eu - serão sempre desprezados, combatidos, invejados, perseguidos e que tais... Sempre foi assim e assim será! Deus tenha piedade da Igreja brasileira. Pastor PCSampaio
ResponderExcluirTremenda essas verdades aqui publicadas pelo Pr. Joãozinho. Um homem de coragem e grande estudioso que admiro pela pessoa que é. Como seria bom se nossas igrejas atentassem para este alerta e voltássemos ao primeiro amor, com certeza seriamos mais respeitados como servos do Deus altíssimo e verdadeiramente seríamos luz e sal da terra.
ResponderExcluir