A missão de João
(Tradução de João A. de Souza Filho, do livro Church History de Philip Schaff).
Pedro, apóstolo da autoridade
aos judeus, e Paulo, apóstolo da liberdade aos gentios haviam completado sua
obra na terra antes da destruição de Jerusalém – tarefa cumprida para aqueles
dias e para os dias vindouros, cujos escritos permanecem e que jamais serão
superados. Ambos eram mestres construtores. Pedro lançou os fundamentos; Paulo
ergueu a estrutura da igreja de Cristo levantando-a contra os portais do
inferno. Mas havia muito trabalho adicional a ser realizado, um trabalho de
unidade e de consolidação. Esta missão foi deixada para o apóstolo do amor, amigo
do peito de Jesus que se tornou o reflexo perfeito de Cristo até onde um ser
humano pode ser, em santidade e pureza.
João não era um missionário ou
um homem de ação, como Pedro e Paulo. Até onde se sabe, João pouco fez pela
expansão do cristianismo, mas muito fez pela vida interior do cristianismo nos
lugares onde este já havia sido estabelecido. Ele nada diz a respeito do
governo, as formas, ritos da igreja visível (até mesmo seu nome não aparece em
seu evangelho e nas epístolas por ele escritas), e destaca sempre a substância
espiritual da igreja – a união vital dos crentes com Jesus Cristo e a comunhão
dos crentes entre eles. Ele era apóstolo, evangelista, profeta da nova aliança
tudo ao mesmo tempo. Viveu até o fim do primeiro século para que pudesse erigir
o fundamento e a superestrutura da era apostólica conforme a revelação que teve
de um novo céu.
Esperou em meditação silenciosa
até que a igreja amadurecesse e pudesse receber seus ensinamentos sublimes.
Isto fica evidente pelas palavras misteriosas de nosso Senhor a Pedro em
referência a João: “Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te
importa? Quanto a ti, segue-me”. [1] Sem
dúvida, o Senhor estava à frente do terrível juízo que caiu sobre os habitantes
de Jerusalém. João viveu para ver tudo isto e seus ensinamentos e caráter
permanecerão até os últimos estágios da história da igreja (antecipada e
tipificada por Pedro e Paulo) até a vinda de nosso Senhor. No sentido mais
amplo o Senhor ainda tarda em vir até o dia de hoje, e os escritos de João com
sua profundidade e altura esperam pelo intérprete certo. O melhor virá depois.
Na visão de Elias no monte Horebe o vento que soprava quebrando as rochas dos
montes, o terremoto e o fogo precederam a voz suave de Deus (1 Rs 19.11-12).
A coruja de Minerva, a deusa da
sabedoria começava seu vôo ao entardecer. A tempestade da batalha prepara o
caminho para a festa da paz. O grande guerreiro da era apostólica tocou a nota
chave do amor que traria harmonia às duas seções do cristianismo. E João
somente concordou com Paulo quando revelou o coração interior do ser supremo
murmurando com profundidade a maior de todas as definições: “Deus é amor” (1 Co
13.1; 1 Jo 4.8,16).
João nos Evangelhos
João provavelmente era o filho
mais novo de Zebedeu e Salomé, e irmão de Tiago, o mais velho, que se tornou o
primeiro apóstolo a ser martirizado. [2] João
talvez fosse dez anos mais jovem que Jesus e, conforme os testemunhos unânimes
da antiguidade viveu até o reinado de Trajano, isto é, até depois de 98 d. C.,
e deve ter morrido depois dos noventa anos de idade. Era pescador e vendedor de
peixes, provavelmente em Betsaida (como Pedro, André e Filipe). Seus pais, ao
que parece viviam confortavelmente, e tinham servos na casa. Sua mãe é
mencionada ao lado de um grupo de mulheres notáveis que seguiam a Jesus e o
serviam com seus bens, e que compraram bálsamo para o seu sepultamento e foram
as últimas pessoas a abandonarem a cena da crucifixão, e as primeiras a
visitarem o sepulcro vazio. João era conhecido do sumo sacerdote e tinha uma
casa em Jerusalém ou na Galileia para onde recolheu a mãe de nosso Senhor. [3]
Era primo de Jesus segundo a carne
e sua mãe era irmã de Maria.[4] Este
relacionamento, juntamente com o entusiasmo da juventude e o fervor de sua
natureza emocional formaram a base de sua intimidade com o Senhor. Ele não
possuía treinamento rabínico, como Paulo, e aos olhos dos sábios judeus era
como Pedro e os demais discípulos galileus, tidos como “iletrados e incultos”
(At 4.13). Mas ele passou pela escola preparatória de João Batista que concluiu
sua missão profética testemunhando que Jesus era o “ordeiro de Deus, que tira
os pecados do mundo”, testemunho que mais tarde João, o apóstolo explicou com
detalhes em suas epístolas. Foi este testemunho que o levou até as barrancas do
rio Jordão naquela memorável entrevista, onde, meio século depois, ele se
lembrou do episódio. [5] João não
era apenas um dos Doze, mas o escolhido dos três escolhidos. Pedro se destacava
tendo certa preeminência em público como amigo do Messias. João era conhecido
no círculo íntimo como amigo de Jesus. Pedro sempre mirava o caráter oficial de
Cristo e perguntava o que ele e os demais apóstolos deveriam fazer. João olhava
diretamente para Jesus e queria sempre aprender o que o Mestre ensinava. Eles
eram diferentes assim como Marta e Maria. Marta, ansiosa por servir, enquanto a
meditativa Maria anelava aprender. João, sozinho com Pedro e seu irmão Tiago testemunharam
a cena da transfiguração e também a cena do Getsêmane – a mais alta exaltação e
a mais profunda humilhação na terra sofrida por nosso Senhor.
João reclinava no peito de Jesus
durante a última Ceia e assimilou em seu coração aquelas maravilhosas palavras
de despedida para usá-las no futuro. Ele seguiu a Jesus até o pátio da casa de Caifás.
De todos os discípulos foi o único que permaneceu ao pé da cruz, e recebeu do
Salvador que morria a incumbência de cuidar de sua mãe Maria. Esta foi uma cena
única de delicadeza e carinho: A Mater dolorosa e o discípulo amado olhando para a cruz, enquanto o Salvador morrendo
os uniu em filiação de amor maternal. É a complementação daquele tipo de
amizade dos que recém nasceram espiritualmente e que se tornam mais fortes que
os irmãos de sangue. Como João era o último dos apóstolos junto a cruz, assim
também, ele e Maria Madalena foram os primeiros discípulos que correram à
frente de Pedro, olhando para dentro da sepultura vazia na manhã da
ressurreição. Foi o primeiro a reconhecer o Senhor ressuscitado quando ele
apareceu aos discípulos nas margens do mar da Galileia (Jo 20.4; 21.7).
Parece
que João era o mais jovem dos apóstolos, porque viveu mais que todos eles. Era
também o mais dotado espiritualmente e o predileto de Jesus. João possuía um
senso de religiosidade de ordem superior – não pensando em plantar, mas em
irrigar. Não lutava por trabalho agressivo e externo, mas para entender o
mistério de Cristo e a vida eterna do Senhor. Pureza e simplicidade de caráter,
profundidade e afeição e uma faculdade espiritual perceptiva de alta intuição,
eram seus traços de liderança os quais se tornaram nobres e consagrados pela
graça divina. Não se vê registros de atos de violência na trajetória de João;
ele cresceu silenciosa e imperceptivelmente em comunhão com o Senhor e seguiu o
seu exemplo. De certa maneira era o antípoda de Paulo (o contrário). Ele ouvia
mais e via muito mais; mas, falava menos que os outros discípulos. Absorveu os
ensinamentos profundos do Mestre e os demais
discípulos nem prestavam atenção nele. E mesmo, a princípio, não entendendo bem
os demais discípulos ele os mantinha em seus corações até que o Espírito Santo
lhes revelasse a mesma coisa. Sua intimidade com Maria deve tê-lo ajudado a
obter uma visão interior do Mestre. Ele aparece sempre como o discípulo amado
em íntima comunhão e amizade com o Senhor.
[6]
O filho do trovão e o
discípulo amado
Existe uma contradição aparente
entre os evangelhos sinóticos e o quadro de João em seus escritos, assim como
existe diferença entre o Apocalipse e o quarto evangelho. Mas, quando se
observa mais atentamente percebe-se que são dois lados de uma mesma moeda. Por
exemplo, existe um paralelo entre o Pedro dos evangelhos e o Pedro das
epístolas. O primeiro apresenta-se jovem, impulsivo, rápido, mudando de lado a
toda hora, o outro amadurecido, submisso, refinado pela graça divina.
No evangelho de Marcos, João
aparece como o Filho do Trovão (Boanerges) [7] Este
sobrenome que foi dado a ele e ao seu irmão mais velho por nosso Senhor era, na
realidade um epíteto de honra que apontava para sua missão futura, assim como o
nome de Pedro foi dado a Simão. Trovão, para os hebreus era a voz de Deus. [8] Em seu
bojo o nome traz a ideia de temperamento ardente, grande força e caráter
veemente para o bem ou para o mal, conforme o motivo e o objetivo. O mesmo
trovão que aterroriza, purifica o ar e faz a terra frutificar quando vem
acompanhado de chuvas. Temperamento forte sob controle da razão e a serviço da
verdade serve de grande meio de construção, assim como o mesmo temperamento
quando descontrolado e dirigido erroneamente serve de poder destrutivo. O zelo
ardente de João e sua devoção, apenas precisavam de disciplina e discrição para
se tornar bênção e inspiração a igreja em todas as eras.
No início os filhos de Zebedeu
não entendiam a diferença entre lei e evangelho, quando, num ímpeto de
indignação queriam clamar fogo do céu para destruir um vilarejo de samaritanos
que havia rejeitado a Jesus. Estavam prontos, como Elias, para clamar por fogo
do céu. [9] Mas,
alguns anos mais tarde João foi até Samaria para confirmar a conversão dos
novos irmãos, e invocou sobre eles o fogo divino da vida e da luz, e o dom do
Espírito Santo (At 8.14-17). O mesmo zelo por seu Mestre alcançou seu limite
quando algumas pessoas faziam obras em nome de Cristo, e eram pessoas que
viviam fora do círculo apostólico (Mc 9.38-40 cp. com Lucas 9.49-50).
O desejo dos dois irmãos,
compartilhado pela mãe deles querendo assumir a mais alta posição do reino
messiânico revela, ao mesmo tempo, quão fortes e fracos eram; possuíam um
desejo nobre de estar ao lado de Cristo, ainda que significasse ficar próximo
do fogo e da espada, e neles habitava a ambição permeado de egoísmo e orgulho.
Foram repreendidos pelo Senhor, que descortinou diante deles a perspectiva de
um batismo de fogo (Mt 20.20-24; Mc 10.35-41).
Esses episódios são consistentes
com os escritos de João. Ele aparece em seus escritos como fofo e sentimental,
mas também com muita força positiva de caráter. João possuía uma doce e amorosa
disposição, ao mesmo tempo em que tinha uma sensibilidade delicada, sentimentos
ardentes e fortes convicções. Esses traços, de maneira alguma são
incompatíveis. Ele não tinha comprometimentos nem era meio termo quando o
assunto era lealdade. Um fogo santo ardia em seu interior que o levava a se
mover nas profundezas e não na superfície. No Apocalipse o trovão ribombou alto
e forte contra os inimigos de Cristo e seu reino, enquanto, por outro lado
encontram-se no mesmo livro episódios de descanso e calmaria, de paz e alegria
e a descrição da Jerusalém celestial que só poderia nascer da pena descritiva
do discípulo amado. No Evangelho e nas epístolas de João sentimos o mesmo
poder, apenas controlados e contidos. Ele relata os mais duros discursos e as
mais doces palavras do Salvador, conforme o mestre falava aos inimigos da
verdade ou ao círculo fechado dos discípulos. Nenhum outro evangelista nos
fornece uma visão profunda do antagonismo entre Cristo e a hierarquia judaica,
e do crescente e intensivo ódio que culminou em derramamento de sangue. Nenhum
apóstolo estabeleceu uma demarcação definitiva entre luz e trevas, verdade e
falsidade, Cristo e anticristo como João. O evangelho de João e suas epístolas
movem-se entre esse antagonismo irreconciliável. Ele não conhecia quaisquer
comprometimentos entre Cristo e Baal. Com que horror ele fala a respeito do
traidor e do ódio dos fariseus contra o Messias! De maneira severa João, nas
palavras do Senhor ataca os judeus incrédulos e seus desejos assassinos
apresentando-os como filhos do diabo.
E nas epístolas ele fala de cada
pessoa que desonra a profissão de fé ao cristianismo, como mentiroso; cada um
que odeia a seu irmão é assassino; cada um que peca propositalmente, João os
chama de filhos do diabo, e ele aberta e sinceramente adverte sobre os falsos
mestres que negam o mistério da encarnação chamando-os de anticristo e proíbe
os crentes até mesmo de saudá-los (Jo 8.44; 1 Jo 16, 8, 10; 2.18 ss.; 3.8, 15;
4.1 e ss. ; 2 Jo 10,11). A medida de seu amor a Cristo era a medida de seu ódio
pelo anticristo. Porque o ódio é o contrário do amor. É o amor invertido. Amor
e ódio fazem parte da mesma paixão, apenas revelada em direções opostas. O
mesmo sol que ilumina e aquece o ser vivo, apressa o apodrecimento do que está
morto. Os artistas cristãos entenderam muito bem esse duplo aspecto de João
quando o representam com o rosto de pureza feminina e ternura, mas sem fraqueza,
e o retratam como uma águia enfurecida com suas asas abertas sobre as nuvens. [10]
O Apocalipse e o
quarto evangelho.
Quando se investiga o caráter de
João, não se tem dúvida alguma em afirmar que o autor do quarto evangelho e do
apocalipse é a mesma pessoa. [11] O
temperamento é o mesmo em ambos os livros; uma natureza entusiástica e nobre
capaz de emoções intensas de amor e ódio, com a diferença entre um homem
vigoroso e amadurecido pela idade, entre o rugido da batalha e o repouso da
paz. A teologia é a mesma, incluindo as mais importantes apresentações da
cristologia e da soteriologia. [12] Nenhum
outro apóstolo chama Cristo de Logos. O Evangelho é “o apocalipse
espiritualizado” ou idealizado. Até mesmo a diferença de estilo que impressiona
ao primeiro olhar desaparece sob investigação acurada. O grego do Apocalipse é
o mais hebraísta de todos os livros do Novo Testamento, como é de se esperar da
afinidade existente com a profecia dos hebreus, sem paralelo até mesmo nos
clássicos gregos. O grego do quarto evangelho é puro e sem quaisquer
irregularidades, contudo, João demonstra tanta familiaridade com tanta percepção
da religião hebraica, e preserva dela os elementos mais puros. Seu estilo é
simples como o de uma criança, e apresenta a sentença breve do Antigo
Testamento. É apenas um corpo de gregos inspirados por uma alma hebraica. [13] A favor
da diferença entre o Apocalipse e outros escritos de João é preciso levar em
consideração a diferença necessária entre uma composição inspiracional
profética e uma composição histórica e didática, e a diferença de tempo que é
de uns vinte anos. O Apocalipse foi escrito antes da destruição de Jerusalém, e
o quarto evangelho já no final do primeiro século, quando ele era bem velho.
Foi então que sua juventude se renovou como a da águia à semelhança dos grandes
poetas como Homero, Sófocles, Milton e Goethe.
Notas
I. O filho do trovão
e o apóstolo do amor
Cito aqui as excelentes
observações sobre o caráter de João feitas por meu amigo o Dr. Godet (Com.
I. 35, tradução inglesa de Crombie e Cusin):
“Como explicar duas
apresentações de caráter aparentemente tão opostas? Existem pessoas profundas e
receptivas que se acostumaram a ficar encerradas dentro de suas próprias
conclusões. Acontece que tais pessoas com o tempo deixam de ser mestres de si
mesmas e suas emoções contidas explodem repentinamente e deixam as pessoas ao
seu redor perplexas. Não seria o caráter de João algo deste tipo? Quando Jesus
apelidou a ele e a seu irmão Tiago de Boanerges ou filhos do trovão (Mc 3.17), não
consigo imaginar que Jesus queria – e os antigos escritores concordam – com
este apelido sinalizar a eloquência que os distinguiria dos demais. Tampouco
acredito que ao lhes dar este apelido, que Jesus quisesse perpetuar a lembrança
daquele momento de impetuosa ira, como indica o texto. Assim como a energia fica acumulada no meio
das nuvens até que de repente se transforma em relâmpago e trovões, assim
também ocorreu com aqueles dois apaixonados que, silenciosamente acumularam
amor até que o coração transbordou e eles, repentinamente se dispuseram a lutar
violentamente. Gostamos de imaginar João como alguém gentil, sem aquela
natureza enérgica; gentil até mesmo nas fraquezas. Não é verdade que seus
escritos nos instigam constantemente a amar? Não é verdade que o último sermão
que ele prega é o de que devemos amar uns aos outros?
Verdade! Mas esquecemos outras
apresentações bem diferentes durante os primeiros e os últimos tempos de sua
vida, que revelam alguém decisivo, ferino, absoluto até mesmo violento em sua
disposição. Se considerarmos todos os fatos aqui apresentados reconheceremos em
João e Tiago pessoas sensíveis, ardentes pela salvação das almas, adoradores
com um ideal que se entregaram sem reservas aquilo que sonharam e cuja devoção
facilmente se tornou exclusiva e intolerante. Eles se sentiam repelidos por
qualquer coisa que não se encaixasse com seu entusiasmo. Para eles era
impossível ter o coração dividido naquilo que criam. Tudo em tudo! Isto era o
que os movia! Aquilo que não é, pra eles não tinha sentido.
O Dr. Westcott (em seu Commentary pp. xxxiii) diz: “João sabia
que estar com Cristo era estar com a vida e que rejeitar a Cristo significava a
morte. E ele não hesitou em expressar o que sentia da velha dispensação. Aprendeu
com o Senhor, enquanto o tempo passava, a ser mais paciente, mas não
desaprendeu a devoção ardorosa que o consumia. Finalmente, com palavras de
exortação, como um trovão ribombando acima do trono, João revelou a presença do
fogo secreto. Cada página do Apocalipse vem inspirada com o clamor das almas
que procede de debaixo do altar: “Até quando?”(Ap 6.10).
II. A Missão de
João
Dean Stanley (Sermons and
Essays on the Apostolic Age, p. 249 ss. 3a. ed.) escreveu: “Acima de tudo,
João falou sobre a união da alma com Deus, mas não era através de um processo
simples de meditação oriental ou absorção mística; e sim pela palavra que
agora, pela primeira vez tomou seu devido lugar na ordem do mundo – a palavra AMOR.
A Paulo coube o dever de proclamar que o mais profundo princípio no coração do
homem era a fé. A João coube proclamar que o atributo essencial de Deus é amor.
No Antigo Testamento foi ensinado que “o temor do Senhor é o princípio da
sabedoria”. E ainda deveria ser ensinado pelos apóstolos do Novo Testamento de
que o “fim da sabedoria é o amor de Deus”. Gentios pagãos e judeus ensinavam,
através da filosofia grega e das religiões orientais de que a divindade se
satisfazia com sacrifícios e com torturas humanas. No entanto, a João coube
ensinar que a plenitude ou o sinal dos filhos de Deus era “amai-vos uns aos
outros”. Assim como o amor invade toda nossa concepção de amor, pelos
ensinamentos de João, também invade a concepção de seu caráter. Nós ainda
guardamos seu ensinamento: “Nós o amamos porque ele nos amou primeiro”. “Amados, amemo-nos uns aos outros”, porque
este é o mandamento de nosso Senhor Jesus, e se o obedecermos nada mais se faz
necessário.
João no livro de Atos
No primeiro estágio do
cristianismo apostólico, João aparece como um dos três pilares da igreja da
circuncisão, ao lado de Pedro e Tiago, irmão do Senhor, enquanto Paulo e
Barnabé representavam a igreja gentílica. [14] O que
implica afirmar que naquele período ele não havia se projetado ao universalismo
e liberdade do evangelho. No entanto, dos três ele era o mais liberal
situando-se entre Tiago e Pedro de um lado e Paulo do outro, buscando
futuramente a reconciliação entre judeus e o cristianismo gentio. Os
judaizantes nunca apelaram a ele como fizeram com Tiago e Pedro (Gl 2.12; 1 Co
1.12). Não se vê sequer um traço de que tinha seguidores, ou o partido de João,
como os que seguiam a Pedro e Tiago. Ele estava acima das intrigas e divisões.
Nos primeiros capítulos de Atos ele aparece ao lado de Pedro, que era tido como
o chefe dos apóstolos da nova religião. Ele cura com Pedro o paralítico à Porta
Formosa; foi trazido perante o Sinédrio para testificar de Cristo. Foi enviado
com Pedro pelos apóstolos de Jerusalém a Samaria para confirmar os novos
convertidos orando para que eles recebessem o Espírito Santo, e retornou para
Jerusalém com Pedro (At 3.1 e ss.; 4.1., 13, 19, 20; 5.19,20, 41, 42; 8.14, 17,
25).
Pedro aparece citado sempre na
frente dos demais, toma a palavra e age primeiramente. João o segue em silêncio
misterioso e dá a impressão de que acumula uma reserva de força que se
manifestará em ocasião própria no futuro. Ele deve ter participado do primeiro
concílio apostólico em Jerusalém, no ano 50, mas não aparece falando ou
participando ativamente na discussão sobre a circuncisão e a questão de quem
deveria fazer parte da comunidade. [15] Tudo está
conforme o caráter daquele modesto e silente João apresentado nos evangelhos.
Ao que parece depois do Concílio no ano 50 ele deixa Jerusalém. A partir daí o
livro de Atos não mais o menciona nem a Pedro. Quando Paulo visitou pela última
e quinta vez a cidade de Jerusalém (ano 58), parece que não viu a João e encontrou-se
com Tiago apenas. [16]
João em Éfeso
As últimas atividades de João
estão em seus escritos e deveremos considerá-las noutro capítulo. Seus escritos
nos apresentam a história mostrando a espiritualidade imensuravelmente rica do
homem interior. Ele não informa onde está no momento, onde reside nem de onde
escreve. No entanto, o Apocalipse dá a entender que ele era o chefe das igrejas
na Ásia Menor. [17]
Esta tese é confirmada por muitos testemunhos dos pais da igreja que afirmam
que João em seus últimos anos de vida residia em Éfeso. [18] Ele
morreu muito velho durante o reinado de Trajano que começou no ano 98. Sua
sepultura era sempre mostrada lá no segundo século. Não sabemos quando teria se
mudado para a Ásia Menor, mas não deve ter sido antes do ano 63. Ao se dirigir
aos presbíteros de Éfeso, e em suas epístolas aos efésios e colossenses; e
também na segunda epístola de Paulo a Timóteo, Paulo não faz menção de João, e
fala com a autoridade de um superintendente das igrejas da Ásia Menor.
Possivelmente depois da morte de Paulo e Pedro, João tomou a si a
responsabilidade de cuidar das igrejas orfanadas de seu líder; igrejas que
enfrentavam perigos e perseguições. [19]
Éfeso, a capital pró-consular da
Ásia, era o centro cultural, comercial e religioso da Grécia, famosa em tempos
antigos pelos cânticos épicos de Homero, Anacreonte, e Mimnermus, lugar da
filosofia de Tales, Anaxímenes, e Anaximandro, além de ser o centro de adoração
a Diana. Em Éfeso Paulo labutou durante três anos (54-57) e estabeleceu uma
igreja influente que serviu de farol para iluminar as trevas do ateísmo. Dali
Paulo podia comungar com as numerosas igrejas que havia plantado nas
províncias. Ali, experimentou alegrias e tribulações e viu como profetizara o
perigo das heresias que se levantavam no meio da igreja (Veja sua despedida em
Mileto, Atos 20.29-30 e as epístolas a Timóteo). As forças da ortodoxia e das
heresias cristãs surgiram ali. Aproximava-se o momento da queda de Jerusalém, e
Roma não era ainda uma segunda Jerusalém. Éfeso, pelo trabalho de Paulo e João
tornou-se o centro da história da igreja na segunda metade do século e durante
a primeira metade do século segundo. Policarpo, o mártir patriarcal e Irineu, o
teólogo que se levantou contra o gnosticismo representam bem o espírito de João
e testemunham a influência desse apóstolo na cidade. Somente ele poderia
completar o trabalho de Paulo e Pedro dando à igreja a unidade compacta que ela
precisava para se auto preservar contra as perseguições e as heresias.
Não fossem os escritos de João,
nos últimos trinta anos do primeiro século haveria um vácuo na história da
igreja. Parece com aquele período de quarenta dias entre a ressurreição e a
ascensão, quando o Senhor ficou nos ares, entre o céu e a terra, sem tocar na
terra em baixo, e aparecendo aos discípulos como um espírito de outro mundo.
Mas, a teologia do segundo e do terceiro século, evidentemente, pressupõe os
escritos de João e começa a partir de sua cristologia e não a partir da
antropologia e soteriologia de Paulo, cujo ensinamento quase morreu até o
surgimento de Agostinho na África.
João em Patmos
João foi banido para a
solitária, rochosa e arenosa ilha de Patmos no mar Egeu, a sudoeste de Éfeso. A
base desta afirmativa está em Apocalipse 1.9: “Eu, João, irmão vosso e
companheiro na tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus, achei-me na
ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de
Jesus”. [20] Lá,
recebeu “no espírito no dia do Senhor” as importantes revelações a respeito das
lutas e vitórias do cristianismo. Mas, o fato de haver sido deportado para
Patmos é confirmada por muitos testemunhos da antiguidade, como os de Irineu,
Clemente de Alexandria, Orígenes, Tertuliano, Eusébio, Jerônimo etc. O fato
ficou perpetuado nas tradições da ilha, o que em nada altera o seu sentido.
“João – este é o pensamento de Patmos, a ilha o pertence, é o seu santuário. As
pedras pregam sobre ele, e em cada coração, ele vive”. [21]
Não se sabe ao certo quando
aconteceu o exílio, e depende das discussões sobre a data em que o Apocalipse
foi escrito. Evidências externas apontam para o reinado de Domiciano no ano 95
d. C. e evidências internas apontam para o período do reinado de Nero ou logo
após sua morte no ano 68. A tese prevalecente e a mais respeitosa se deve ao
testemunho de Irineu cerca de 170 d. C. que afirma ter ocorrido o exílio no
final do reinado de Domiciano que governou de 81 a 96. [22] Domiciano
foi o segundo imperador romano que mais perseguiu os cristãos, e o exílio era
sua forma preferida de punir alguém. Esses fatos sustentam esta tradição.
Depois de fazer promessas de beneficiar o povo, Domiciano se tornou tão cruel e
sanguinário quanto Nero, e o superou em hipocrisia chegando mesmo a se auto-deificar.
Ele começava suas cartas assim: “Nosso Senhor Deus ordena” e exigia que as
pessoas se dirigissem a ele dessa maneira. [23] Ele
exigia que se fizessem estátuas de ouro e prata de sua imagem e que fossem
colocadas nos santuários dos templos. E quando se mostrava generoso, aí que era
mais perigoso. Não poupava a vida dos senadores nem dos cônsules, quando
suspeitava deles ou impedissem que seus desejos ambiciosos fossem feitos. Ele
procurava pelos descendentes de Davi e pelos amigos de Jesus, com medo deles, e
aí descobria que eram pessoas inocentes e pobres. [24]
Muitos cristãos sofreram o
martírio sob seu reinado, acusados de ateísmo – e entre estes estava seu primo
Flávio Clemente, pessoa de dignidade consular, que foi morto, e sua esposa
Domitila banida para a ilha de Pandateria próximo a Nápoles. [25] No
entanto, uma evidência interna é o próprio livro de Apocalipse e a comparação
com o quarto evangelho, favorece uma data bem anterior, antes da destruição de
Jerusalém, durante o intervalo entre a morte de Nero (68) quando a besta, que é
o império romano foi abatida, mas logo se ergueria pela ascensão de Vespasiano.
Mantemos a tese de que João foi exilado para Patmos sob o governo de Nero,
escreveu o Apocalipse logo após a morte deste (ano 68-69) retornou a Éfeso,
completou seu evangelho e suas epístolas alguns anos mais tarde (talvez uns
vinte anos) e dormiu em paz durante o reinado de Trajano no ano 98.
Tradições sobre João [26]
A lembrança de João marcou o
coração da igreja, e vários incidentes com características semelhantes ou
prováveis foram preservadas pelos pais da igreja.
Clemente de Alexandria, quase no
fim do segundo século apresenta João como pastor fiel e devoto, quando, já
velho, numa viagem as igrejas ele convenceu com amor seus primeiros convertidos
que haviam se tornado ladrões, e pediu que eles voltassem para a igreja. Irineu
dá testemunho do caráter do “Filho do Trovão”, ao relatar que ouvira dos lábios
de Policarpo, que, num encontro no banho público de Éfeso o herege gnóstico
Cerinto, que negava a encarnação de nosso Senhor, João se recusou a ficar com
ele debaixo do mesmo teto, se não a casa cairia. O que lembra o incidente
registrado em Lucas 9.49 e a exortação do apóstolo em 2 João 10-11. A história
mostra a possibilidade de unir o amor mais profundo pela verdade com a
denunciação do erro e da malignidade moral. [27]
Jerônimo o retrata como o
discípulo do amor, que em velhice adiantada foi levado ao lugar de reuniões nos
braços de seus discípulos repetindo vez após vez sem parar: “Filhinhos, amem
uns aos outros”, acrescentando, “este é o mandamento do Senhor, e se somente este
for obedecido, é suficiente”. Essas situações da tradição apostólica sobre João
é crível e útil. Polícrato, bispo de Éfeso no final do segundo século relata (conforme
Eusébio) que João estabeleceu na Ásia Menor a prática judaica de observar a
Páscoa no dia 14 de Nisan, independente de cair num domingo. Este fato gerou
muita controvérsia no segundo século e nas controvérsias modernas sobre a
veracidade do evangelho de João. O mesmo Polícrato de Éfeso descreve João
vestindo a sobrepeliz ou o peitoral de ouro do sumo sacerdote (Ex 28.36, 37;
39.30, 31). Era, possivelmente uma expressão figurada da santidade sacerdotal
que João atribui a todos os discípulos (veja Ap 2.17), mas pelo qual se
sobrepunha como patriarca. [28] Da falta
de compreensão das enigmáticas palavras de Jesus (João 21.22) surgiu a lenda
que João apenas adormeceu em seu sepulcro, gentilmente movendo a terra respirou
aguardando a volta de Jesus. Conforme outra lenda ele morreu, mas imediatamente
foi elevado ao céu, como Elias, para retornar com ele como anunciador do
segundo advento de Cristo. [29]
[1] João 21.22, 23. Milligan e Moulton in loc. O
ponto de contraste entre as palavras ditas a Pedro e João, respectivamente, não
diz respeito a morte violenta ou ao martírio e uma partida tranquila, mas a
respeito das lutas e tempestades do apostolado.
[2] O nome João, no hebraico quer dizer Jeová é gracioso. O discípulo que Jesus
amava. Veja João 13.23; 19.26; 20.2; 21.7, 20.
[3] Marcos 1.20; 15. 40 ss.; Lc 8.3; Jo 19.27. Godet (I. 37)
acredita que a casa dele era no lago de Genesaré e por isso não estava presente
quando pela primeira vez Paulo visitou Jerusalém (Gl 1.18, 19).
[4] Conforme a interpretação
correta de João 19.25, aquelas quatro mulheres (não três) são ali mencionadas,
como afirmam Wieseler, Ewald e Meyer. Lange, e outros comentaristas acreditam
assim também. O escritor do quarto evangelho, com sua delicadeza peculiar nunca
menciona seu nome, nem o nome de sua mãe e nem o nome da mãe de Jesus. Contudo,
sua mãe deveria estar lá ao pé da cruz, conforme os evangelhos sinópticos e ele
não a esqueceria.
[5] João 1.35-40. Os comentaristas concordam que
os dois discípulos cujos nomes não são mencionados, um deles é João.
[6] Para uma simples comparação entre João e
Salomé, João e Tiago e João e André, João e Pedro e João e Paulo veja a obra de
Lange Com on John pp. 4-10.
[7] Em Marcos 3.17 o termo significa barulho forte da multidão, e tem o
sentido de trovão no texto siríaco.
[8] “O Senhor trovejará com grande estrondo”. “O Senhor enviará trovões e
chuvas”. Veja Ex 9.23; 1 Sm 7.10; 12.17,
18; Jó 26.14; Sl 77.18; 81.7; 104.7; Is 29.6 etc.
[9] Lucas 9.4-56. Alguns comentaristas acham que
este incidente foi que sugeriu o apelido de Boanerges aos dois, mas, se assim
fosse, haveria aí um epíteto de censura, e o Senhor não faria uma coisas dessas
com o seu discípulo amado.
[11] O autor de Supernatural
Religion, II.400 afirma: “Em vez da fúria e intolerância do espírito do
Filho do Trovão encontramos (no quarto evangelho) um espírito que sopra apenas
gentileza e amor”.
[12] Isto é mostrado na obra de Gebhardt Doctrine of the Apocalypse, e é substancialmente reconhecida por aqueles
que negam ser João o autor do Apocalipse (a escola de Schleiermacher), ou
como autor do Evangelho (a escola de Tübingen).
[13] Neste sentido as visões opostas de dois
eruditos hebreus e juízes de estilo se reconciliam. Enquanto Renan olhando para
a superfície afirma sobre o quarto evangelho:
“O estilo de João nada tem de hebreu, nada de judaísmo nem talmúdico”. Ewald,
ao contrário, penetrando mais profundamente diz: “É espírito verdadeiro e
inspiracional. Nenhuma linguagem poderia ser mais genuinamente hebraica do que
a de João”. Godet concorda com Ewald
quando afirma: “A vestimenta é grega, o corpo é hebraico”.
[15] Ele é incluído entre os “apóstolos” reunidos
em Jerusalém naquela ocasião. Atos 15.6, 22, 23 e é mencionado como um dos três
pilares por Paulo na epístola aos Gálatas, no que diz respeito a mesma
conferência.
[16] Atos 21.18. João deveria estar, possivelmente,
na Palestina ou na Galiléia na terra de sua juventude. Conforme a tradição ele
permaneceu em Jerusalém até a morte da virgem Maria, cerca de 48 d. C.
[17] Ap 1.4, 9, 11, 20 e capítulos 2 e 3. Fica
evidente que somente um apóstolo poderia ocupar tão elevada posição e não um obscuro
presbítero com o nome de João, como alguns querem afirmar.
[18] Irineu, discípulo de Policarpo (aluno de João) em sua carta a Florino (ver Eusébio História Eclesiástica V.
20), Clemente de Alexandria, Quis dives salvetur, c.42; Apolônio e
Polícrato no fim do segundo século, em Eusébio Hist. Ecle. III. 31: V: 18, 24;
Orígenes, Tertuliano, Eusébio, Jerônimo etc. Lucio, também, reputado autor dos
Atos de João cerca de 130, em fragmentos recentemente publicados por Zahn, testemunham
que João residiu em Éfeso e Patmos, e transferiu seu martírio de Roma para
Éfeso. Lützelberger, Keim (Leben Jesu v. Nazara, I. 161 ss.),
Holtzmann, Scholten, o autor de Supernatural Religion, (II. 410), e
outros oponentes do evangelho de João ousaram remove-lo da Ásia Menor com
argumentações negativas devido ao silêncio sobre ele em Atos, na carta aos
efésios, colossenses, afirmando que não é mencionado nos papiros de Papias,
Inácio e Policarpo, argumentam, sem prova alguma que João não esteve em Éfeso
antes do ano 63. Mas, a velha tradição é conclusiva a respeito.
[19] “A manutenção da verdade evangélica”, afirma Godet
(I. 42), “exigia naquele momento ajuda ponderosa. Não é de surpreender que
João, um dos últimos sobreviventes de entre os apóstolos deveria se sentir
responsável em substituir naqueles países o apóstolo dos gentios, irrigando,
assim como Apolo fez na Grécia, o que Paulo havia plantado”. Pressensé (Apost.
Era, p. 424): “Nenhuma cidade poderia ser melhor escolhida como centro
regional das igrejas e vigiar de perto o crescimento das heresias. Em Éfeso,
João ficou no centro da missão de Paulo, e não muito longe da Grécia”.
[20] Bleek entende
assim: João foi levado (numa visão) a Patmos com o propósito de receber uma
revelação de Cristo. Ele acredita que existe uma tradição de que João foi
banido para Patmos por um mal entendido desta passagem.
[21] Tischendorf, Reise in’s Morgenland, II.257 e
ss. Uma
caverna na montanha no sudoeste da ilha ainda é tida como o local da visão do
Apocalipse, e no topo da montanha está o mosteiro de São João, com uma
biblioteca com uns 250 manuscritos.
[22] Este ponto de vista prevaleceu entre os comentaristas e historiadores
até recentmente e é defendido por Hengstenberg,
Lange, Ebrard (e por mim mesmo em History of the Apostolic Church, §
101, pp. 400 ss.). É difícil desprezar o claro testemunho de Irineu, que
aprendeu com Policarpo, que era ligado diretamente a João.
[23] Suetônio, Domit., c. 13: “Dominus et
Deus noster hoc fieri jubet. Unde institutum posthac, ut ne scripto quidem ac
sermone cujusquam appellaretur aliter”.
[24] Hegésipo em Eusébio Hist. Ecl., III., 19,
20. Hegésipo, no entanto, silencia quanto ao exílio de João, e este silêncio é
usado por Bleek como argumento contra o exílio de João.
[26] Essas tradições foram apresentadas de maneira agradável por Dean Stanley
em Sermons and Essays on the Apostolic
Age, pp. 266-281 (3ª. ed.). Compare com minha Hist. of the Ap.
Ch, pp. 404 ss.
[27] Stanley menciona, apenas para ilustrar a
magnificência de Jeremy Taylor, ao relatar a história, que imediatamente depois
de João sair dali a casa de banho desabou e esmagou a Cerinto que ficou em ruínas.
(Life of Christ, Sect. xii. 2).
[28] Eusébio em História Eclesiástica, III. 31, 3; V.
24. Epifânio relata a mesma coisa, com um tom mais ascético, a respeito de
Tiago, irmão do Senhor. “Como expressão figurada” afirma Lightfoot, “ou como
fato literal, a nota aponta para São João como um veterano mestre, o chefe representativo
de uma raça pontifical. Por outro lado é possível que não foi neste sentido que
Polícrato o descreveu assim. E, se assim for, temos aqui, talvez, a mais antiga
passagem descritiva de um autor cristão em que o ponto de vista sacerdotal do
ministro é distintivamente apresentado. Mas, no Didaquê (capítulo 13) os
profetas cristãos são chamados de “sumo sacerdotes”.
Excelente texto sobre João! Temos muito a aprender com esse apóstolo, que ainda nos fala pelos seus escritos.
ResponderExcluirObrigado João de Souza pela tradução.